Depressão
Vamos falar de depressão? Não é algo distante da nossa realidade, pelo contrário, por isso resolvi falar e tentar desmistificar um pouco sobre o assunto. Vejo como fundamental trazer tal questão para que consigamos refletir, desmistificar alguns tabus e dicas para ajudar pessoas que passam por tal situação.
A depressão é uma das doenças que mais acomete a humanidade na atualidade. Mas por incrível que pareça, ainda existem muitas pessoas que têm vergonha de procurar ajuda ou dizer que está com depressão, como se fosse algo horrível a ser dito. No entanto, absolutamente qualquer pessoa pode passar por um quadro depressivo ao longo da vida, incluindo eu, artistas, padres, você!
Já quase perdi um amigo por causa dela, mas ainda bem que eu estava no lugar e na hora certa; e hoje é um grande amigo que ainda tenho por perto. Um tempo atrás outra amiga tentou tirar a própria vida três vezes, mas hoje está ótima e com um lindo filho. Não é fácil nem para quem a vive, nem para amigos e familiares que acompanham de perto.
A depressão é uma doença da desconexão e pode ter origem psicológica ou neurológica. Na Terapia Comportamental é fundamental trabalhar as rotinas do sujeito, já na Terapia Cognitiva a depressão é considerada um transtorno de pensamento, pois altera negativamente a percepção de si mesmx, do mundo e do outro. Também altera o sono, o apetite, diminui a vontade de sexo e o prazer pela vida, dentre outras coisa. Desta forma, alinho as duas abordagens no tratamento da depressão.
Muitas vezes não damos muita importância aos sinais. Achamos que é frescura, besteira, coisa de “gente fraca”. Temos que ficar muito atentxs, pois a depressão é grave e se não tratada a tempo pode levar à morte. Nem sempre percebemos e não podemos nos culpar por isso, pois a tendência é acharmos que não vai acontecer conosco ou com alguém que conhecemos e amamos. Infelizmente é muito mais comum do que parece.
Se você desconfia que alguém próximo está passando por isso, fale com ela e ofereça ajuda. Você deve estar se perguntando: “Como eu posso ajudar?”. Simplesmente diga que tem percebido que ela não está bem e a escute sem julgamentos. Também procure demonstrar que ela pode contar com você sempre que possível. Chame-a para fazer atividades juntes e assim tirar o foco do negativo. Em todo caso, é muito importante procurar ajuda de um profissional, pois a depressão não é digna de vergonha, é digna de tratamento psiquiátrico e psicológico. Se você também se identificou com os sintomas, peça ajuda a alguém e vá a um profissional.
A depressão afeta os neurônios e, o tratamento psiquiátrico vai auxiliar com os medicamentos necessários para ajudar a reverter o quadro. Infelizmente é comum o abandono do tratamento medicamentoso, e isso pode trazer sérios problemas – espere que o/a médicx diga qual o momento ideal. Se há algo que incomoda você no funcionamento entre o seu corpo e o medicamento, converse com ele/a para tentar encontrar algo que se adapte melhor.
É comum os pacientes chegarem com pouca esperança em relação a eficácia do tratamento psiquiátrico e psicológico, já que o pessimismo é um dos sintomas da depressão. Na psicoterapia com modelo cognitivo, por exemplo, trabalham-se os pensamentos não funcionais, uma vez que estes trazem emoções e comportamentos também disfuncionais. Ou seja, entende-se que ao compreender o funcionamento e consequências desses pensamentos, podemos moldar as emoções e consequentemente o comportamento, mas isso demanda tempo e dedicação, visto que mudanças no comportamento também serão necessários para alterações cognitivas e emocionais.
A depressão é uma das doenças mais incapacitantes da atualidade, segundo a Organização Mundial da Saúde, por isso procure fazer atividade física regularmente, alimentar-se bem, cuide do seu emocional e conheça as suas vulnerabilidades.
Reafirmo, se você se identificou com os sintomas procure ajuda de amigos ou familiares; se tiver alguma religião, se conecte com a sua fé. Você também pode pedir ajuda através do CVV ligando para o 188 – é gratuito. Mas lembre-se que as alternativas faladas anteriormente não substituem o tratamento com os profissionais, mas servem como auxílio para o tratamento.
Se amar tem que estar em primeiro lugar, se isso não te resta mais, se apegue a outra coisa, mas não se sinta só e procure ajuda!