Indico ler este texto ouvindo música instrumental para se conectar mais profundamente consigo e, ao ler o texto, peço que o interpretem não para o lado moralista – longe de mim – mas para àqueles que se enxergam querendo intimidade emocional, o texto fará sentido.
Penso que o primeiro encontro tem que ser consigo mesmx! Poder olhar para dentro de si e gostar do que vê na maior parte do tempo. Pois antes de tudo, a arte do encontro é o encontro com todos os “eus” que existem dentro de nós mesmos.
Às vezes nos perdermos no medo de amar, no medo de sofrer e nos apegamos ao quase, como na poesia de Luis Fernando Veríssimo. Por isso a importância de conhecermos as nossas forças e vulnerabilidades. Entender como funcionamos e o impacto que elas causam em nossas vidas.
Grandes tempestades acontecem na conexão do mundo interior com o mundo exterior. Tentamos fugir para longe, metaforicamente, na esperança de não nos conectarmos com o sofrimento, mas os pensamentos insistem em mantê-lo.
Anestesiamos relações porque não aprendemos a lidar com as perdas. As relações parecem estar se tornando mais fluidas e rasas. Não porque assim a desejamos, mas porque estar intimamente ligadx ao outro pode causar angústia. Sentimo-nos então, cada vez mais sozinhos e desconectados.
As relações têm sido tragadas pela rapidez com que o mundo moderno nos ensina: não há tempo para sofrer, não há tempo para amar! Não estou dizendo que as pessoas não têm sofrido ou amado, estamos na verdade, perdendo a capacidade de nos permitir sofrer. E por esse medo, fugimos dos encontros que possam intensificar esse sofrimento, pois queremos estar sempre bem e felizes.
Queremos MAIS baladas, MAIS sexo, MAIS beijos, MENOS intimidade, MENOS dor. Ou quando temos intimidade e perdemos uma pessoa querida, nos afastamos emocionalmente de nós mesmxs para sentirmos MENOS. E então, vamos às baladas, conhecemos várias pessoas superficialmente e trabalhamos intensamente, tudo para sentir MENOS de novo.
Porém assim, estamos perdendo a oportunidade de nos tornarmos MAIS fortes e ficarmos MENOS vulneráveis ao que nos machuca. Afinal, se fugirmos dela, sempre que ela bater à porta vai nos machucar e, provavelmente cada vez mais intenso a cada nova situação. Daí, adoecemos internamente! Ficamos mais vulneráveis!
São tantos os medos e por quês, que “esquecemos” como é viver o aqui e agora. Mas para vivenciá-lo é preciso entrega e conectar-se consigo. Se isso não acontece, como posso perceber o outro se não consigo perceber a mim próprio?