Falando Sobre Zona de Conforto

Embora eu trate de questões de sexualidade diretamente, às vezes a trato de forma indireta! Pois somos muito complexos para separar o todo. Sendo assim, falaremos hoje sobre “zona de conforto.” Alguns até já ouviram falar, mas outros nunca ouviram nada a respeito ou não imagina a complexidade que é.

Esse é um estado em que nós seres humanos sempre nos deparamos, alguns com mais intensidade, outros com menos, outros uma vida inteira na mesma situação.

Zona de conforto é então, o estado em que encontramos segurança, mesmo em situações de desconforto. Vou explicar melhor! Esse conforto ao qual me refiro é um mecanismo de defesa que precisou ser usado lá trás e que serviu como estratégia naquele momento para lidar com alguma situação difícil, porém ela continuou porque houve um trauma vivido sozinhx e/ou perdurado no tempo.

Mas não se engane achando que a “zona de conforto” é confortável! Ela nos “hipnotiza” exatamente porque traz alívio e prazer imediatos por ser um mecanismo de defesa, ou seja, vem te ajudando ao longo do tempo, porém o trabalho em terapia está em integrar o que você sentiu e sente, para encontrar alternativas mais funcionais. Por isso não existe zona de conforto, você não está contra você, pelo contrário, seu corpo reagiu exatamente da forma que ele encontrou pra te proteger, agora é encontrar novas estratégias para te trazer segurança. Se sentir segurx na própria pele! 

Porém, ao estar na “zona de conforto” muitas vezes traz um sentimento de fracasso, então repito: “você não está contra você, pelo contrário, seu corpo reagiu exatamente da forma que ele encontrou pra te proteger, agora é encontrar novas estratégias para te trazer segurança”.

Não adianta ficar se culpando porque não fez o processo de mudança antes, se não fez é porque ainda não estava preparade. Você só é você hoje, porque você é construção de toda a sua história de vida e da forma como percebe o mundo ao seu redor. Você é construção de si mesmx!

Seguimos padrões de comportamentos, e por serem padrões, mudá-los realmente exige dedicação, paciência, acolhimento, segurança, conexão consigo, saber o que nos paralisa e também saber o nosso real desejo! Aquele profundo que nem sempre enxergamos.

Como saber se está seguindo por esse caminho? Fique em um lugar em que você possa se concentrar e estar consigo mesmx, depois disso, pense em situações que você sinta segurança em estar lá, mesmo que desconfortável, seja um relacionamento amoroso, sair de casa, morar sozinhx, troca de emprego, “sair do armário”, conhecer novas pessoas, mapear o próprio corpo, fazer terapia. Enfim, cada um deles pode trazer a segurança em permanecer exatamente aonde está. Mas pode trazer também o medo natural de ir ao encontro daquilo que a memória do corpo memorizou como sendo perigoso estar.

Muitos podem ser os motivos para permanecer onde e como está, como por exemplo, ter medo do desconhecido, sensação de vazio, de derrota, medo de ser excluíde, medo de lidar com as suas frustrações e tantas outras outras coisas.

Ao fazer psicoterapia o/a paciente se confrontará com suas questões emocionais. Muitos acham que o/a Psicólogo/a fará tudo e dará toda e qualquer resposta, mas o que acontece é uma construção entre paciente e psicoterapeuta..

Há quanto tempo não tem sentido prazer? Sim, prazer! Porque para muitos de nós, ter prazer sexual e na vida de modo geral, parece um sonho distante. Pra você, o prazer de vida é um sonho distante ou o tem vivido?

Eu acredito em você, mesmo não fazendo ideia de quem você seja. Sabe por que? Porque todos somos capazes, por mais destruídos que nos encontremos. É possível fazer a integração de quem vc é por inteiro, mas demanda tempo. O objetivo é ao menos amenizar e conectar você a você mesmx em sua essência.

Então é isso, os estudos mais recentes sobre trauma, pela perspectiva da neurociência, trazem que não existe zona de conforto. Você não está contra você! Você não se boicota!